Mais uma lua se passou, como tantas outras. Mais uma noite em que os meus músculos, a minha carne se tornou pedra. Mais um momento em que os meus ramos se esticaram em direcção à lua, em direcção a ti. E os frutos de épocas passadas, maduros com o passar do tempo, caíram no chão e as sementes voaram em todas as direcções levadas pelo fumo do meu cigarro. E a dor continua cá dentro, as feridas abertas nos locais onde todas estas memórias se libertaram de mim uma vez mais, mas deixando um sabor diferente. O sabor do "para sempre" que cicatriza cada lágrima chorada ou cada sorriso sincero, cada marca queimada na minha pele, na minha cabeça, no meu coração. O teu grito chegou finalmente quando a luz penetrou a minha janela, tal como eu sabia que chegaria, mas tornou-se apenas o eco de algo que não me recordo plenamente, do nada pelo qual que me julgaram, de tudo pelo qual nunca me deverias ter afastado. E assim te tornaste, cinzento, para mim durante este demasiado longo ano.
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