Era o sonho em que me encontrava, o corredor infinito, escuro e claustrofóbico. Uma luz se acende por cima da minha cabeça, a minha atenção é puxada totalmente para ela. Uma luz branca, fluorescente. Enquanto se acende, em meros dois segundos, a luz pisca. Começa aquele pequeno barulho, ruído branco, enquanto a lampada aquece. A luz deixa de me encantar, a minha atenção foca-se agora no som. O som vai diminuindo com o passar dos segundos, dos minutos. Eu esforço-me para o ouvir um pouco mais, mas ele tende a sair do meu campo de audição, volume tão baixo que já nem o sinto na minha cabeça. E outra luz se acende. E o mesmo processo se repete. E outra. E mais outra. E agora reparo que estas luzes são como os meus sentimentos. Tendo a senti-los ao máximo, agarrar-me a eles enquanto estão lá, nunca os deixando escapar. E quando desaparecem, apagam-se totalmente, mortos nas minhas veias cinzentas e negras. E penso como seria bom ser imortal, um ser eterno que pudesse para sempre admirar o acender e o apagar incessante destas luzes. Banhar-me-ia em tal luz e tal ruído, até que desaparecesse completamente da minha vida, até que se acendesse de novo, só para sentir a luz nos meus olhos, na minha face, e o ruído dentro da minha cabeça, dentro do meu coração.
Talvez não quisesse viver para sempre, talvez não quisesse conhecer o ciclo das coisas como as sei agora. Talvez, apenas talvez, não me quisesse agarrar ainda mais ao som caustico que tende a desaparecer mas deixa o eco dentro de mim.
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