sábado, 3 de dezembro de 2011

Decisão

Da decisão que tenho vindo a tomar a algumas semanas (meses?) resta apenas a certeza da resolução. Resta o que? Não resta nada. Por quê? Porque não dói. Afoguei-te, parte de mim que jurei sempre proteger, afoguei-te e enterrei-te até que o barulho dos tambores seja ensurdecedor nos teus ouvidos. Até que o som das larvas a comerem-te a carne grite tão alto como tu gritaste cá fora. E então deixar-te-ei subir, escavar, sangrar até mãos não teres. Já te puxei à tona vezes suficientes para perceber que tens que morrer de uma vez, já sentiste o gelo na tua pele nua vezes de mais.
Não me vou esquecer como me senti contigo ao meu lado, e quero que compreendas que alternativa não me deste. Eu sei onde estás, com quem estás, como estás e parte de mim que vivas de novo, um dia. Sei perfeitamente em que oceano te procurar, em que ilha te desenterrar, que lugar escuro escavar. Mas não o volto a fazer. Espera pacientemente que alguém, outro, o faça por ti. Não sou eu que te vou dar do meu sangue a beber. Não sou eu que te vou dar ar para respirares. E se ainda me amares quando me encontrares de novo...

Todas as pessoas acreditam em algo.
É o que as faz fortes.
Eu não acredito em nada.
É o que me torna ainda mais forte.

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