quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Oceanos

O frio deste oceano gela-me as veias. Respiro-me, na tentativa de aquecer a pele eriçada. As águas separam-me de mim mesmo, entranham-se na minha pele nua. Engulo o sal liquido na esperança que o nível baixe, os meus sentidos entorpecem um pouco mais, afogo-me no paraíso que pensava não ser meu. Enquanto as águas me puxam para baixo revejo tudo o que fui, tudo o que sou, e não existe nada sólido para me agarrar, para flutuar e terminar este sonho. Percebo que com os pesadelos posso eu bem, sei como lidar porque ao acordar percebo que terminaram, mas com os sonhos a realidade fragmenta-se e o pesadelo continua quando acordo. Por isso prefiro deixar de me mexer, e entrar de braços abertos nas águas frias que me separam de tudo o que quero, afogar-me nelas, porque apenas nos sonhos pareço tocar no que mais valor tem para mim.

Um comentário:

marionetainquieta disse...

Como te compreendo. Mas recusar agir também é existir, e por isso tem consequências. Deixa esse oceano fluir ;)