Dia 2 de Verão

Sinto que cada vez mais a realidade me foge dos braços, das mãos... E eu tento agarra-la, e não consigo. E isolo-me em pensamentos, em fantasias, e só tu me consegues puxar à superfície enquanto eu me afogo nos meus pensamentos mais sombrios. Só tu que estás presente nos momentos chave, nos momentos certos, na luz reflectida naquela parede velha onde entraste pela muito primeira vez, no som da tua respiração enquanto tentas inspirar por ar no asfixio que sentes, em todos os outros momentos, apenas outros momentos. Só tu me trouxeste a vontade de sentir, só tu me fazes sentir novamente. Apenas tu: coração mole. Coração que pensei que estivesse morto. Pára de bater no meu peito. Pára de uma vez. Porque sentir mata-me por dentro. E isso nota-se. E não fica bem com o meu tom de pele. Definitivamente.