segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ervas daninhas

E eu queimo-me como uma erva daninha num campo para ser cultivado, na esperança que o futuro seja fértil para ti e para mim, que eu faça parte de algo que alimente alguém. E os meus veios estalam e secam, doem, desfazem-se quando as chamas me tocam as folhas. Parece tão fácil queimar as ervas desnecessárias, mas esquecemo-nos que demoram tanto tempo como as outras a crescer, que são seres vivos como quaisquer outros. Que florescem e são belos por si só, apenas se alguém se dignar a olhar bem para elas, tal como todas as outras. Eu queimo-me na esperança que traga ainda mais beleza, apesar de não compreender porque este sacrifício, tal como as pétalas das minhas flores facilmente se tornam cinzas este campo selvagem se torne um jardim de cheiros e cores. Não chegarei à próxima primavera, mas serei parte do outono eterno. Assim transformo-me em algo com formas não fixas, cinza que se espalha com o vento, nunca estabelecidas em nada belo, tendo que aprender que são os meus próprios muros que me deixam transbordar, as minhas raízes não se calam, não me contêm nas palavras ou gestos que faço.

Nenhum comentário: