terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A eternidade

O sonho que me despertou foi tudo. Tudo desde surreal a efémero. Em redor da rapariga "viva", porque ela estava morta, nós éramos meros cadáveres com instintos de sobrevivência. Lembro-me perfeitamente de a ver numa fotografia, com o seu chapéu redondo, tipico anos vinte. Não cheguei a entender porque a seguia eu, porque procurava incessantemente a sua companhia, como era eu tão passivo na sua presença. As minha atitudes tinham apenas um objectivo: estar com ela, ao seu lado, mesmo sabendo que ela era apenas um fantasma, o fantasma pelo qual eu me apaixonei. Ela na realidade era a vida dentro de mim, mesmo morta. Era ela que me fazia respirar, era ela que me fazia viver. Eu perdi-a, aliás, eu nunca a tive. Apenas fiquei com uma fotografia dela, já bastante gasta, no meu bolso. Mas o momento da foto, o momento em que a máquina de pólvora disparou, esse tenho-o guardado em mim para sempre recordar. O curioso, digo-vos, é que a própria máquina sentia a presença de um ser tão belo. O momento do disparo foi em câmara lenta. Analisando cada detalhe e (im)perfeição da sua face, a câmara escolheu o melhor momento, o melhor sorriso, da sua face, para que apenas esse ficasse guardado para a eternidade...

Um comentário:

Rute disse...

"meros cadáveres com instintos de sobrevivência"...