quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vicio

Nos últimos dias tenho pensado sobre os vícios. Não sobre que vícios tenho, mas sim sobre como ultrapassar o fim de um vicio. Para mim, neste momento, consigo separar os vícios em duas pequenas caixas: vícios físicos e vícios psicológicos. O fim de um vicio, seja ele qual for, trás invariavelmente sofrimento. O que nunca me tinha atingido de forma tão brutal como nos últimos dias é que os vícios físicos produzem uma dor mais intensa, mais física, mas por menor tempo. Os vícios psicológicos são, para mim obviamente, um caso totalmente à parte. A dor associada a ao fim do consumo do vicio psicológico dura muito mais tempo, pode causar um sofrimento maior ou menor consoante o caso, mas as cicatrizes que se formam durante esse tempo nunca são as esperadas. As cicatrizes formam-se, o pó assenta, e esperamos passado um tempo sermos "praticamente os mesmos" que éramos antes do vicio. Mas não. As atitudes a partir do fim são totalmente distintas do que pensamos inicialmente. Pensamos que vamos crescer. Que sabemos o que queremos. Que sabemos o que não queremos. Isto apenas ocorre se o desmame correr muito bem. E quase nunca corre bem. Somos humanos, e desengane-se aquele que pensa que é mais que isso.



Now get out of my way,
and DON'T WASTE MY TIME.

3 comentários:

Rute disse...

"We all have our scars"

E sim, somos apenas humanos. Largar um vício que temos é extremamente doloroso, extremamente penoso. E formam maselas que custam muito, mesmo muito a sarar.

Mas no fundo, podemos não saber exactamente o que queremos, mas sabemos sempre o que não queremos. Sempre, no fundo no fundo sabemos sempre o que não queremos. E comseguimos ser juízes da nossa própria consciencia.

Por isso muitas vezes entramos em conflitos e tomamos atitudes que sabemos que estão totalmente erradas, porque se conseguimos ver nos outros conseguimos ver isso em nós próprios. O que dificulta é que apesar de sabermos bem o que não queremos. Não sabemos o que realmente queremos. E então muitas vezes vamos por tentativa/erro.

Há que saber o que fazer, há que saber conter. Porque as responsabilidades voltam a nós. Nem que seja a nossa própria moral e razão.

Por isso é que nos sentimos tantas vezes revoltados, porque cometemos erros conscientes. E na altura não queremos mesmo saber.
Mas um dia mais tarde acabamos sempre por nos dizer a nós mesmos: "Para que? Para que isto tudo se havia um caminho tão mais fácil, tão mais seguro e certo."

E só quando formos capazes de responder a nós mesmos, com siceridade, a essa pergunta é que ficamos em paz. E crescemos, aprendemos. Porque vamos de encontro a nossa fé, ao nosso sentido, à maneira como somos e como agimos.
Depois sentimo-nos tristes e culpados. Mas isso tudo passará. Tudo cicatrizará. E no fim acabamos por ficar bem.

Aprendi no curso que existem 4 processos da cura:

- Alivio da dor
- Correcção
- Fortalecimento
- Manutenção

E temos de seguir por esta ordem se não queremos que as coisas voltem a incidir. E cada passo leva seu tempo, não há tempo definido.

E isto aplica-se à nossa vida no dia-a-dia. E a manutenção será para sempre. Porque temos bagagem e conhecimento e se voltarmos a cometer o mesmo erro, a ficar com a mesma dor, é porque não fizemos um bom tratamento.

*******

GotchyaYinYang disse...

Sempre certo e sincero.

mitro disse...

Acredito na humanidade.
Acho que somos melhores do que o que pensamos.
Extraordinariamente resistentes, capazes de suportar o pior dos nossos pesadelos.
As cicatrizes temo-las porque temos uma vida.