segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um bom livro

Quando me disseste 'eu provoco um choque eléctrico, para que os electrólitos das células musculares se movam todos na mesma direcção', eu respondi 'sim, eu sei, eu tenho formação em biologia'. Sabes que agora começo a duvidar a formação base. As minhas cadeias de miosina e actina, células musculares, respondem de formas tão diversas ao que sinto. Os electrólitos não polarizaram as minhas células. Os sentidos dispersos de um momento em que apenas eu sentia o que não devia. Tudo o que eu queria era forçar uma reacção muscular, um toque, uma palavra, um sentido que fosse, porque nesse instante apercebi-me que cheguei tarde de mais para o que quer que fosse. E depois de dar um pulo tão grande, um esforço muscular, em que todas as células trabalharam em conjunto, e que acredito ser rara a pessoa que saiba sequer do que estou a falar, eu quis fazer o maior erro da minha vida neste momento.

Perguntei-me a diferença entre sentimento e reacção física, fisiológica, e porque o que sentes altera tudo desde a forma como vês o mundo a como reages no dia a dia. Juro que descobri porque sonho demasiado todos os dias, e porque são tantos os pesadelos que tenho. Juro que pretendo descobrir em que sentido são musicais, quem foi o director, quem escreveu o livro e quem compôs a banda sonora. Continuei novamente na linha de pensamento das diferenças sentimentais e físicas, o que te impede de fazeres o que o teu coração sente, e a razão por detrás de tudo o que mereces. O sentido perdeu-se com o pronunciar de uma simples frase, e apesar de absolutamente ninguém que me rodeasse nesse instante se apercebesse, foi um dos momentos mais tristes que tive nos últimos anos. Foi o momento marcante a tão poucas horas de distancia de este momento, foi o momento de luz, de escuridão, o momento em que eu quis mudar tudo, o momento em que me apercebi que 'não sou nada'...


E terminei essa frase na minha cabeça, de forma conclusiva, como um bom livro que termina sem sequela. Curioso ter chorado no final.

2 comentários:

Rute disse...

Se és um nada. és um nada que preenche tudo! Talvez o meu tudo seja pouco. MAs é muito para mim.

Samuel Filipe disse...

quer-me parecer que este post foi escrito «on the road», ou seja, tem mais valor. também me parece que é um post só teu...