domingo, 5 de outubro de 2008

Sou água, não sou vida.

Caminho. Caminho a direito. 
Chão amarelo, aresta quase curva de tão direita que é. 
Corto um pouco do pé, tirando os pequenos dedos que falta não me fazem, mas caminho ondulante até à parede erguida sobre montes e vales. 
Toco-lhe por entre as frestas frias, perdidas por si só, entre a imensidão do lago que nos separa.
Perdida está, perdida de mim. Sangro calmamente do pé cortado mas não o arrasto. 
Encosto-me à parede alta, escudo, muro infestado de fendas, de musgo e de plantas.  
Fecho os olhos por entre as linhas do meu coração, por entre as veias cinzentas, por entre os bocados de anemia constante que me acompanha. 
Sou praticamente água. Sou água, não sou vida.

Um comentário:

Rute disse...

Não acho, se há vida és tu! És sim. E eu sinto cada vez que te vejo sorrir. Precisas é de a libertar de ti. Porque em ti vai morrendo! Precisas de nos mostrar o tão belo o mundo que é! Como só tu sabes! Como só tu sentes! Um mundo cheio de vida! Cheio de côr. Cheio de amor! Como só tu amas! =D

E eu adoro-te! E abraço-te fortemente, para sentir essa vida que teimas em não partilhar.

Adoro-te! ****