terça-feira, 2 de setembro de 2008

Palavras

As palavras não me saiem.
Não querem sair cá para fora.
Ficam a desertificar a minha mente.
Corroiem tudo por onde passam.
Deixam marcas visiveis de dor.
Sabem a ácido, não são mais que ácido na minha boca.
Mas não saiem cá para fora.
Nunca saiem cá para fora.
Preciso mais que isto. Muito mais que isto.
É isto que quero dizer.
Mas as voltas que dão, o enrolar incessante da lingua.
E a exaustão de saber nada, de nada saber mostra tudo.
Devo mais a mim próprio do que imagino.
A culpa de tudo é minha.
Apenas minha.

Percebi finalmente. Percebi o que perco. Percebi o que perdi. Não são nada mais do que palavras, nunca vão ser mais que simples palavras.
Mas não escondo a frustação, não me escondo.
Não sei onde me encontrar. Não sei onde me achar.
Por vezes parece de loucos.
E a razão chama-me. Como me chama agora.
Mas ela não faz parar, ela não pára o que sinto.
E o que sinto? Nada mais que palavras apenas.
Mais uma semana. Agora vivo às semanas.
E quando vieres é isso que te vou dizer.
Apesar de não ouvires absolutamente nada do que te digo.
Por que são meras palavras, tingidas por mim, que valor não têm.
Esquece. Enfim.

4 comentários:

Milo disse...

Excelente composição! ;)

Anônimo disse...

Acho que não devíamos perder as palavras. Devíamos soltá-las. Livres. Assim não ficavamos com elas a pesar cá dentro, e podia ser que ao sairem batessem em algum sítio.

*

Rute disse...

Gostei do texto, apesar de me sentir extremamente triste por ele...

Miss you my dear, really ****

GotchyaYinYang disse...

Está tão bonito este texto... mas tão triste... :(

És lindo!