sábado, 28 de abril de 2007

Ophrys

Caminhando continua. A cidade negra é bela... Plantas crescem vigorosamente nos jardins, que existem em abundância. Plantas magnificas, plantas que se escondem do olhar mais humano, mas nãe se escondem dele. Ele pode as apreciar à vontade, completamente descontraido, ver as suas folhas, as suas flores, as suas pétalas, estames, carpelos, ovários, nectar a escorrer para o chão. Corvos bebem, insectos sugam, ofideos comem, colibris negros sobrevoam e atingem os poços. Asas que batem sem parar, sem cessar, sem pensar. Luz que se aproveita da vida para brilhar e espreitar por entre árvores que a tentam tapar a todo o custo, criando macro e micro climas. E o ser segue, maravilhado com tamanho bocado de pensamento, o seu caminho. Pesquisa estes jardins incessantes, até se aperceber que deixou, claramente, cair o seu coração em qualquer lado. Ophrys cresce a seus pés. Negra, bela, como uma fêmea à espera de ser polinizada. Arranca-lhe uma flor, arranca-lhe um ramo, arranca-a do chão. Penetra o espaço livre que se encontra no seu peito, e tenta ali crescer...
Mancha laranja pálida caminha, com ophrys ao peito, num mundo negro de plantas, num mundo negro em que se destaca um violeta...

Um comentário:

Ana Pena disse...

Adorei ... dava um conto delicioso e tocante...

Será que houve aqui uma influência do Jardim Botânico?;)